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quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

A DRACMA PERDIDA

Uma mensagem ao casal:


"Ou qual a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma dracma, não acende a candeia, e varre a casa, e busca com diligência até a achar?   E achando-a, convoca as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque já achei a dracma perdida."       Lucas 15:8,9

"Uma dracma era uma unidade de moeda grega. Durante o período do Império Romano, uma dracma de prata era uma moeda comum, e seu valor era equivalente a cerca de um denário romano (valor aproximado de um dia de trabalho para um trabalhador comum). Portanto, uma dracma grega no tempo de Jesus teria tido um valor aproximado ao de um dia de trabalho."

Geralmente, no Evangelho, a dracma perdida faz um paralelo com a ovelha perdida.  Mas hoje percebi que podemos usar essa parábola para outra situação.   Podemos pensar nas "nossas dracmas" para falarmos em CASAMENTO.

Nesses dez anos podemos afirmar, com muita certeza, que vocês conquistaram coisas realmente preciosas:   ganharam amadurecimento, adquiriram conhecimento mais profundo  sobre o outro e sobre si mesmos, ganharam a realidade no lugar das idealizações tolas,  ganharam filhos maravilhosos, ganharam novos amigos, realizaram sonhos e descobriram outros que valem a pena ser sonhados. Ganharam a paz da companhia um do outro e a doçura de se sentir aceitos.  Muitas outras coisas poderiam ser citadas. De fato vocês enriqueceram, ganharam muitas dracmas!

Mas é possível que hoje vocês olhem para trás e sintam falta de algumas moedas de ouro. Talvez sintam diminuída em vocês a capacidade de perdoar como antes. Talvez tenham perdido a dracma da simplicidade, e da capacidade de ser feliz com pequenas alegrias, a dracma do olhar terno, a dracma daquele antigo coração leve, livre de mágoas... Talvez tenham perdido a dracma da capacidade de relevar pequenos defeitos ou a capacidade de ceder. Não sei. Mas seja o que for, não aceitem a perda jamais!

Às vezes, na rotina de varrer a casa, encontramos coisas antigas que nem sabíamos que havíamos perdido! Outras vezes começamos a varrer a casa para procurar algo de que já estamos sentindo falta.  Ambas as situações podem acontecer na vida de casados.

E o que é "varrer a casa"?

Antes de iniciar a procura, a mulher da parábola acendeu a candeia. Porque no escuro ninguém enxerga nada, nem a si mesmo!   "Porque tu, Senhor, és a minha lâmpada; o Senhor  derrama luz nas minhas trevas."      2 Samuel 22:29.     

A candeia se acende com auto análise sincera na presença de Deus, leitura da Palavra e uma oração sincera: "Senhor, vê se há em mim algum caminho mal e guia-me pelo caminho eterno."    Só então mãos a obra.  

"Varrer a casa" é um trabalho muito íntimo, de "quatro paredes".   Ninguém convida os amigos para varrer a casa. A gente só convida para a festa, para a comemoração. 

Varrer a casa é também um trabalho que exige iniciativa: o mais incomodado deve ser o primeiro a pegar a vassoura. Lembrem que nem sempre a percepção do outro acontecerá ao mesmo da sua. É assim mesmo. Não se indigne se, naquele primeiro momento, só você esteja sentindo falta da dracma.

Sei que a maioria das lutas de vocês, pequenas ou grandes, se passam na intimidade do lar, na intimidade do quarto, e ninguém fica sabendo. É assim mesmo. Mas quero declarar que se um dia precisarem de uma força, estarei sempre disponível tanto para ajudar a acender a candeia quanto para pegar a vassoura  e vasculhar a casa.   Gosto de festas. Podem me chamar para as comemorações quando reencontrarem alguma dracma perdida. mas saibam que podem contar comigo também para ajudar a varrer a casa.  

Quero estar sempre junto a vocês, de forma não invasiva mas carinhosa e prestativa, apoiando projetos, iniciativas, orando e cooperando com a felicidade de vocês.  

Parabéns! E que vocês conservem com zelo e sabedoria essa riqueza toda que já conquistaram.

Um beijo da mamãe.




terça-feira, 8 de agosto de 2023

O Deus do Antigo Testamento e o Deus do Novo Testamento

Reconheço que esse assunto pode ser bem complicado de entender. Eu mesma já me vi muitas vezes pensando a respeito mas sem chegar a conclusão alguma. 

Hoje, lendo o Antigo Testamento, creio que consegui - com a graça de Deus - entender isso melhor. A questão agora me parece bem clara. Espero que passe a ser clara para você também, embora eu saiba que esses entendimentos são muito íntimos, acontecem no recôndito das nossas mentes.  O processo é muito particular. 

Para melhor explanar a questão vou tratá-la na forma de perguntas e respostas, afinal não é assim que a nossa argumentação interior funciona?   

Não posso afirmar que as argumentações abaixo  tenham a mesma significância que tiveram para mim, mas vou tentar repassar a minha maneira de perceber  o que seriam "os motivos de Deus para agir de forma tão diversa através dos tempos."  Vejamos:

a- Em primeiro lugar: Deus não mudou, de forma alguma.

b -   Pra mim parece que mudou sim. As "atitudes" de Deus no Antigo e no Novo Testamento são muito diferentes!

a - As diferenças eram no agir, não na personalidade de Deus.   Tudo foi motivado por PROPÓSITOS diferentes, não por personalidades diferentes. Deus não se tornou "mais bonzinho" no Novo Testamento e não era mais severo no Antigo. Tudo sempre dependeu do PROPÓSITO de Deus para aquela época. Tudo sempre dependeu da decisão Deus se tornar "mais presente" ou "menos presente". É questão de intensidade: a INTENSIDADE DA PROXIMIDADE que Deus escolheu para lidar com o povo em determinada época.

b- Como assim?  Deus não está em todos os lugares ao mesmo tempo? Essa conversa está muito estranha. Deus está em todos os lugares!

a-   Não é exatamente assim.  Não é que "Deus está em todos os lugares".  O mais correto é pensar que  "todos os lugares estão em Deus".     Observe que não é a mesma coisa.   Entenda: tudo está "mergulhado" em Deus pois Deus é infinito e seu poder alcança tudo e move tudo. Só que ele não "se faz presente" em todos os lugares da mesma forma nem na mesma intensidade. 

b-  Onde você viu isso na Bíblia?

a-  De certa forma Deus está em todos os lugares sim, mas veja:    quando ele falou com Moisés do meio da sarça ardente ele disse para Moisés tirar as sandálias dos pés porque aquele lugar era terra santa. Ora, Deus não está em todos os lugares? Por que então só aquele lugar específico seria terra santa? Porque ali Deus estava se manifestando com "maior presença", maior intensidade.  Nós, os humanos, não temos esse poder: ou estamos em um lugar ou não estamos. Mas Deus pode, de forma genérica, "estar em todos os lugares" mas mesmo assim" se fazer "mais presente"  aqui ou acolá, onde ele escolher.   Deus "está em todo lugar" mas no tabernáculo, no Santo dos Santos, ele estava "mais intensamente presente", assim como no monte Sinai, que chegou a fumegar.   Porque será que o mundo todo não fumega como o Sinai? Deus não está em todos os lugares?    Ora, se em algum lugar Deus se revela mais intensamente, aquele lugar é especialmente santo em relação aos demais e se torna, pelo menos temporariamente, diferente de todos os outros lugares do mundo. Isso é um fato.

b- E o que isso tem a ver com o Deus do Antigo e o do Novo Testamente?

a- Tem tudo a ver. No Antigo Testamento Deus tinha um propósito muito claro e importante: fundar uma nação para através dela trazer o Messias ao mundo. Era um propósito de salvação. Então ele precisou se fazer mais presente no meio daquele povo, se manifestar mais, educar, orientar, dar regras claras. Quando Jesus viesse ao mundo era necessário que viesse de um povo que não estivesse com seu DNA corrompido (ou "alterado")  através de doenças provenientes de incestos, de doenças advindas da má alimentação, da falta de higiene, do sexo com animais ou com seres deformados (os gigantes da época)   etc.  Era importante que  a nação não tivesse a "linhagem da alma" comprometida com a adoração a demônios, com o sacrifício de crianças etc.  Tudo isso compromete a formação de um povo.   Deus  estava "preparando o caminho do Senhor", então forçosamente teve que se fazer "mais presente", de forma mais inequívoca, marcante e até mesmo chocante para o povo de Israel naquela época. O povo tinha que ser convencido a obedecer, pois não havia como explicar naquele tempo nada a respeito de bactérias, dna, herança genética, etc.  

b- Sim, então ele se fazia mais presente. E daí?

a - E daí que isso é bom e ruim ao mesmo tempo.

b - Bom e ruim? Eu queria que Deus sempre estivesse presente comigo todos os dias como esteve com aquele povo!

a - Tem certeza?

b- Tenho!

a-  Deus é santo e não tolera o pecado.  Se ele se manifestasse de forma tão intensa agora quanto fez naquele tempo , talvez você já tivesse sido eliminado.   

b-  Mas eles foram eliminados por causa do pecado, da teimosia e da reclamação!

a-    E você jura que você é mais santo do que aquele povo?  Você se acha diferente deles?

b-   Bem, é verdade que não sou mais santo do que eles, mas Deus me trata de forma diferente.  Não fui fulminado por causa dos meus pecados. Por quê?

a-  Porque Deus não precisa agir agora como agiu naquela época. Não é necessário. Não porque sejamos mais santos do que aquelas pessoas. Não é necessário porque não há mais a mesma finalidade. Só isso.

b- Finalidade? Qual finalidade? A ideia não era punir os pecadores?

a- Não exatamente. A ideia era apenas a seguinte:   Quem está muito perto do fogo acaba se queimando.  Naquela época Deus precisou "chegar mais perto". Só isso.  Aí deu no que deu.

b- E agora ele não está conosco?

a- Está sim, mas ele limita a sua ação para não nos destruir.  Se o sol se aproximar um pouco mais de nós, não seria complicado?  Veja: nós não somos melhores nem piores do que o povo hebreu. Apenas Deus agia de forma mais próxima e intensa porque havia uma necessidade para isso: ele estava formando uma nação, formando mentes, imprimindo suas leis no emocional das pessoas, separando aquelas pessoas das outras nações pagãs.   Foi necessário uma proximidade maior mas uma proximidade maior tem suas consequências!  A palha, se chegar muito perto do fogo, pode ser consumida!   Em Hebreus 12:29 está escrito que "o nosso Deus é fogo consumidor". Ele não deixou de ser fogo consumidor, apenas diminui o impacto da sua presença. Isso impede que sejamos destruídos.  Se o "Sol" (Deus) não chega mais perto, como no passado, é porque não há um propósito hoje para isso.    Quando ele se manifesta é por amor, para fazer algo grande. E quando ele não se manifesta, pode ter certeza de que também é por amor.  Ele não quer nos destruir.  

b-  Não havia outra forma de Deus conduzir aquele povo sem destrui-los?  Se Deus é amor ter agido de outra forma. 

a-   Ele até tentou mudar, mas Moises pediu que ele continuasse.

b-   Sério? Como assim?

a-  Deus disse a Moisés que não iria mais seguir junto com o povo de forma tão próxima. Disse que um anjo iria guiando o povo e que ele havia decidido isso porque o povo tinha um coração muito duro e se sua presença continuasse na mesma intensidade ele iria acabar destruindo todo mundo. 

b- E o que foi que Moisés disse? 

a-  Moisés não aceitou. Orou e implorou dizendo que se o Senhor não fosse com o povo então era mehor eles nem saírem do lugar.  Moisés não queria anjo nenhum, queria o próprio Deus todo poderoso ("se tu mesmo não fores conosco então  nem nos faça continuar a viagem").     Então Deus atendeu a oração de Moisés mas o  resultado é que no final das contas nem o próprio Moisés entrou na terra prometida!  Devemos pensar mil vezes antes de insistir com Deus em algum pedido. Se ele diz não é porque é para o nosso bem.  Melhor acreditar que toda a decisão dele é para o nosso bem. 

b- Então permanece a pergunta: por que Deus não nos destrói também como destruiu aquele povo no deserto?  Ou Deus só tinha planos especiais naquela época?

a-  No Novo Testamento vemos que Deus tinha planos especiais também: o  NASCIMENTO DA IGREJA DE CRISTO.   Então naquela ocasião da igreja primitiva também vemos alguns exemplos do agir de Deus à semelhança do Antigo Testamento: lembre do caso de Ananias e Safira. Eles não foram sinceros, então foram fulminados. Houve também o caso de Herodes, que morreu comido de bichos porque não deu glórias a Deus (Atos 12:22).

b-  É verdade...   Bem, no passado Deus estava formando a nação judaica para ser o berço do Messias. Mas e agora, no caso de Ananias e Safira? E por  que Deus não faz mais isso hoje?

a-   A partir de Cristo, Deus agiu novamente mais claramente. Isso porque dessa vez estava formando a IGREJA.   Era também uma situação muito especial. Mas veja: o poder demonstrado no tempo de Moisés nunca mais aconteceu novamente. E o poder demonstrado em Atos dos Apóstolos, início da igreja, também nunca mais se repetiu.   

b- Então parou tudo?

a- Não!  Milagres continuam acontecendo mas nunca mais foi na mesma frequência nem de formas tão chocantes.   A voz de Deus é tão poderosa que no passado o povo implorou para Deus parar de falar! E pediram para Moisés encarar sozinho a situação. E chegou um momento que até mesmo Moisés estava morrendo de medo! (Hebreus 12: 18-21).  O ser humano não aguenta isso o tempo todo com esse corpo mortal.

b- Mas seria tão bom se Deus continuasse a se manifestar daquele jeito!

a-   A imagem do monte fumegando e tremendo pode até te parecer linda hoje mas tem o outro lado da moeda: Deus é santo e quanto mais ele estiver perto, menos as nossas "pequenas iniquidades"  ficarão sem troco imediato.  Como já foi dito, palha perto do fogo é logo consumida.  A quem muito é dado, muito lhe será requerido. 

b- Mas eu queria tentar encarar essa situação gloriosa!

a- Os discípulos viram o poder de Deus de uma forma "assustadora" mas isso abala a "ordem natural das coisas".  O nosso mundo natural foi feito com leis naturais sábias e ele é programado para funcionar dentro dessa leis.   Deus só quebra essa sequência de leis naturais com um motivo muito específico. Ele não faz nada para simplesmente nos entreter.  Ele não dá "show de poder" só para a Igreja vibrar e gritar glória a Deus. 

b- Então Deus seguiu ou não seguiu com os hebreus? E segue ou não segue com a Igreja hoje?

a-  Ele continua conosco sempre!   O Senhor nunca abandonou o seu povo! Ele apenas "dosa" a intensidade da sua presença por amor de nós.  Se não fosse assim, todos já teríamos sido consumidos.

b- Será que nunca mais Deus vai agir como no Êxodo ou como em Atos? 

a- É bem possível que sim. Se observarmos o que o Apocalipse diz sobre As Duas Testemunhas, vemos que os tempos do fim serão tempos também muito especiais quando, por um período,  Deus deverá voltar a agir de forma mais clara e severa.  

b-  Acho que se eu visse mais milagres eu seria mais fiel e espiritual! Se todos vissem mais milagres haveria mais conversão.

a-   Isso me lembra a parábola do rico e do Lázaro. O rico, condenado, pediu que Deus enviasse alguém que já morreu para tentar convencer seus familiares de que deveriam se arrepender e crer em Deus. Aí foi-lhe dito que "se eles não acreditam em Moisés nem nos profetas, também não vão acreditar em ninguém, ainda que essa pessoa ressuscite dos mortos."  Ou seja: o rico pediu um milagre, uma intervenção sobrenatural no mundo natural, mas não foi atendido porque isso, por si só, gera espanto mas não gera arrependimento.  Ninguém viu mais milagres do que o povo de Israel e mesmo assim eles provocaram a ira de Deus inúmeras vezes. Milagre, em si, não opera transformação. Faraó viu milagres e nem assim se converteu. Vários milagres foram feitos na época de Jesus e mesmo assim ele foi crucificado. Fariseus viram milagres mas saíram dizendo que Jesus  fazia tudo aquilo pelo poder de Belzebu.  

b- Mas eu queria ver o que o Apóstolo Paulo viu e queria fazer os milagres que os discípulos fizeram.

a- Eu também queria, mas...

b- "Mas" o quê?

a- Toda moeda tem dois lados. Você quer sinais e maravilhas. Ok. Mas para isso também precisa beber do mesmo cálice que eles beberam.

b- Qual cálice?

a- Perseguição, açoites, sofrimento, prisão, mortes, martírio...

b-  Não acredito que Deus "cobre" as pessoas  dessa forma!

a- Não é cobrança!!!!!    O que esses heróis do passado receberam foi com a finalidade de receber força para aguentar o que aguentaram. Era a necessidade do momento!   Nós não estamos tendo as mesma lutas que eles tiveram, então por que precisaríamos das mesmas armas e do mesmo reforço?  O que Deus tem nos dado hoje é suficiente para nos manter de pé hoje. Se precisarmos de mais, ele nos dará mais, mas só na hora certa.  Ele deu aquele poder aos discípulos com uma finalidade. E a finalidade era dar a eles FORÇA, RESISTÊNCIA e CORAGEM para TESTEMUNHAR e MORRER sem negar ao Senhor.  Ele não deu tudo aquilo porque os discípulos eram bonzinhos ou eram melhores do que nós. Ele deu para que eles aguentassem tudo o que aguentaram na formação da Igreja.  Havia uma finalidade!  Não era um prêmio! Eram ferramentas, armas de guerra!

b- E se nós viermos a passar pelas mesmas situações dos discípulos?

a- Deus jamais nos abandonará. Tenho certeza de que ele nos dará a mesma graça para resistir. 

b- E você acha que "os últimos dias da Igreja na Terra" são tão relevantes quanto a criação da nação judaica ou a criação da igreja?   Será que Deus vai se revelar com o mesmo poder e consequente severidade?

a- Isso eu não sei dizer, mas desconfio que a resposta seja SIM. O importante é ter em mente o seguinte:  Deus só age com propósitos. 

-  Se houver PROPÓSITO DIVINO a gente vai ver Deus agir da mesma maneira que ele agiu no deserto e em Atos. Ele jamais mudou e jamais mudará. 

- Quanto mais Deus se faz presente, mais o terreno em que ele está será santo.  Deus não suporta o pecado.

- Jesus disse certa vez que "vós não sabeis o que pedis".  Queremos o mesmo poder dos profetas mas não queremos beber do mesmo cálice que eles beberam.  A quem muito se dá, muito lhe será requerido e haverá "mais duro juízo"  para quem mais recebeu(Tiago 3:1).       Moisés não entrou na terra prometida por causa de um "pecadinho". Por que será que Deus tratou o "pecadinho" dele de forma tão mais severa?  Porque Moisés falou com Deus face a face e viu o que nenhum de nós jamais viu. Então o Senhor cobrou dele muito mais.  Pensemos nisso.

Deus não amava os apóstolos e profetas mais do que nos ama. Às vezes parece que sim, pois parece que Deus deu mais a eles do que parece dar a nós (em matéria de poder e milagres).  Podemos pensar "poxa, por que Deus amava mais Moises, Elias, Abraão, Paulo?"   Mas considere o seguinte:   Da mesma forma,  se os apóstolos e profetas pudessem nos ver hoje, eles também poderiam questionar "por que Deus deu a esse povo uma vida tão mansa e deu a nós uma vida tão difícil e cheia de perseguições?"  Paulo poderia perguntar "será que Deus ama mais a igreja do século XXI do que igreja do primeiro século? Será que eles são mais santos e obedientes e por isso tem uma vida mais tranquila? O que será que eu fiz de errado para ficar só com a parte difícil?"

Na parábola dos talentos vemos que os talentos foram distribuídos segundo a CAPACIDADE  de cada um.  Não invejemos nem a cruz nem os talentos dos profetas ou dos apóstolos. O que temos é o que Deus sabe que podemos e precisamos carregar no tempo que se chama HOJE.





quinta-feira, 11 de maio de 2023

João 3:7

Hoje ouvi um pregador que falava, entre outras coisas, sobre a necessidade de  "pararmos de olhar para o retrovisor da vida com o espelho grande".  Ele dizia que precisávamos parar de viver eternamente lamentando o passado e  limitando as próprias esperanças pela medida do que já passou. 

Enquanto ele falava me ocorreu que a frase "importa-vos nascer de novo" pode ganhar aqui uma nova aplicação. Não uma nova interpretação, pois já é suficiente a que claramente se revela por si mesma, que fala da conversão. Mas  me veio à mente que "nascer de novo" poderia também ser aplicado à necessidade de "zerarmos a vida", aceitar que tal coisa passou e não permitir que nenhuma dor seja eterna.     Deixar tudo para trás é uma decisão forte, relevante. 

Não são só os nossos pecados que nos paralisam e nos tiram a coragem de andar de cabeça erguida. Há também decepções, lembranças dolorosas e paralisantes.   

Toda impressão de que "não vou conseguir" ou "não vai dar certo"  vem de alguma experiência negativa do passado.  

Claro que esse é um exercício emocional. Ninguém apaga o passado, até porque somos fruto de tudo o que nos aconteceu. Se pudéssemos REALMENTE  apagar o passado, nem sei no que nos transformaríamos. Mas mesmo assim esse exercício de "recomeçar o jogo do zero" é necessário e se assemelha mesmo a um renascer.

Costumamos aplicar esse versículo aos não convertidos até porque o Senhor já disse que "dos teus pecados não me lembrarei mais".  Mas o que eu digo agora diz respeito não a Deus, que já nos abençoou, mas diz respeito apenas a nós mesmos, a uma cura emocional necessária para seguirmos adiante.

Nascer de novo, nesse sentido, é "atrofiar o passado" e  "tirar o seu ferrão".  Jesus já fez isso na cruz. A questão espiritual já foi resolvida por ele. Agora cabe a nós trabalharmos isso no terreno emocional.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Deus se atrasa?


Passei a vida toda ouvindo que Deus nunca se atrasa. Ele sempre chega na hora certa. Ok.

Sem querer contradizer essa frase posso afirmar que a nossa percepção humana é a de que Deus sempre chega depois, sendo que ele poderia ter chegado antes e evitado o problema em si.  Acho de certa forma isso tem lá o seu pedacinho de verdade: Deus costuma chegar atrasado.    Até porque quando ele chega "na hora" a gente nunca percebe que ele estava lá.  Quando Deus chega "na hora" ele não faz barulho.  A gente não percebe, não vê a sua glória, não chega a conhece-lo. A gente não vê a glória de Deus quando ele nos livra do problema.  

E isso é bom?   Depende.  Responda: você quer conhecer o poder de Deus ou prefere passar a vida toda sem nem perceber a existência dele? 

Ele não chega na hora em que NÓS marcamos. Ele chega depois, geralmente quando tudo parece perdido, quando todos os nossos esforços não deram em nada.  

Quando ele chega,  o nosso primeiro impulso é dizer como Marta: se tu estivesses aqui o meu irmão não teria morrido".  Note que Jesus não discordou de Marta. De fato se ele tivesse chegado antes, Lázaro não teria morrido. E não teria sido ressuscitado.  E anos depois aquela geração toda iria enfrentar as piores perseguições sem conhecer o poder de Deus nem o poder da ressurreição.  E penso que muitas pessoas ali creram na ressurreição de Jesus porque já tinham visto a ressurreição de Lázaro.  

Deus nunca está preocupado só com Lázaro. 

Os judeus poderiam também dizer que "se tu estivesses aqui, os Romanos não nos subjugariam".  José poderia ter se queixado também: "Se o Senhor tivesse vindo logo em meu socorro eu não teria sido vendido como escravo!"    Também nesses casos o agir de Deus se manifestou "tarde"... mas deu muito certo.

Às vezes uma situação só se resolve quando, finalmente, se torna "insolúvel".  Parece contraditório, mas é isso mesmo. Claro que é horrível ver tudo piorar a medida em que oramos. Mas frequentemente essa "piora" é o mover da solução.  

Se sua casa está com  as paredes descascando e a tinta "tufando", para resolver o problema não adianta chegar com a melhor tinta e pintar tudo. É necessário primeiro destruir até as partes que ainda estavam boas. Não dá para aproveitá-las. E por um tempo a sua casa vai ficar feia, suja, desconfortável, muito pior do que estava. Por uns dias a sua vida vai virar um caos.  

Frequentemente a piora é o começo da melhora.

Enquanto a parede parece ter solução você tapa a falha com um quadro, disfarça, lava a parede, põe uma cortina e vai levando.  Mas chega um hora que não dá mais. 

Outra verdade é que a solução de Deus dificilmente é aquela que sugerimos a ele.   As nossas soluções precisam se esvair todas para que então o Senhor possa chegar "atrasado"  com uma solução surpreendente na qual ninguém  tinha pensado antes.

A solução de Deus é sempre mais criativa que a nossa. Até porque os nossos problemas estão interligados com a vida de várias outras pessoas. NÃO SE TRATA SÓ DE NÓS! Você pode até pensar que o problema é seu, mas não é.  Afeta muita gente.    Somos cheios de "deias brilhantes" para solucionar questões que só levam em consideração a nossa própria pessoa, só que nós não somos o centro do universo.  

O que me afeta pode afetar meu filho, minha nora, meus vizinhos, o pedreiro que eu iria contratar, a empresa onde trabalho. Então ao solucionar o meu problema Deus pretende que outras questões que eu não enxergo também sejam mexidas.   

A vida do que crê é feita de muitas esperas e "atrasos" de Jesus. Se eu quero ver a glória de Deus vou ter que ter paciência com "os atrasos" do Senhor.  Não é só a sua vida que está em jogo.   

Assim será no final dos tempos. Muita coisa ruim poderia ter sido evitada se Jesus não demorasse tanto. Por que deixar tudo piorar?  Bem, Deus pode estar "descascando a parede".  

Se Jesus viesse agora... muita gente que ainda tem chance deixaria de ser salva.  

Além do mais Deus quer fazer "novas todas as coisas" mas ele quer que esse seja também o desejo do nosso coração. Estamos ainda muito apegados a "esse mundo tenebroso".  O Senhor sabe que se a tinta não descascar nós não vamos pedir a intervenção do restaurador.  Deus tem um mundo melhor, perfeito para nos dar de presente,  mas ele não fara isso enquanto não nos convencermos de que isso aqui está desmoronando e não tem mais remendo que ajeite. Só assim "o mundo sairá de nós" e obedeceremos a ordem: "sai dela, povo meu!"    

Nem sempre enxergamos a malignidade em suas sutilezas e maquiagens.  Quantas coisas malignas introduzimos em nossas vidas sem perceber o quanto são maléficas!   Deus sabe que as vezes temos que olhar o mal sem máscara para então tomarmos uma atitude. 

DEUS NÃO VAI CONSERTAR TUDO ENQUANTO NÃO ENXERGARMOS DO QUÊ ELE ESTÁ NOS LIVRANDO.  Ele não vai tirar de nós "esse mundo maravilhoso" sem que primeiro enxerguemos onde estamos metidos.  

- "Senhor, se tu viesses antes o mundo não teria ficado desse jeito!"   

- "Eu já não te disse que se creres verás a glória de Deus?"   


sábado, 3 de dezembro de 2022

GÊNESIS 3:7 - O PODER DA NUDEZ E O FIM DA LIBERDADE

"Viram que estavam nus".   

Não que eles não soubessem que estavam nus.  Sabiam, como qualquer criança sabe, mas até então isso era um fato irrelevante.  Mas depois de tanto tempo tranquilamente nus eles descobriram a inquietação da nudez.

Foi o despertar para algo novíssimo. Até então eles não haviam se sentido de forma alguma afetados  pela nudez alheia. Só que de repente experimentaram o magnetismo que isso causava. Era algo perturbador.

Antes dessa "descoberta"  havia companheirismo, tranquilidade e  satisfação do desejo sexual, um desejo que era alegremente satisfeito quando surgia, sem incentivo algum.  Nessa época inicial eles desconheciam por completo a atração magnética que a visão de um corpo nu pode causar na pessoa.  Toda a atração física entre os dois, todo desejo sexual, nascia apenas da saudável atividade hormonal de ambos. Brotava. E satisfazer esse impulso era simples e bom, como beber água.  A nudez não influenciava no desejo sexual até então. 

Depois da desobediência e da profunda modificação pela qual eles passaram em decorrência dela, Adão e Eva descobriram que necessidades e instintos naturais poderiam ser estimulados, exacerbados, impostos e até mesmo manipulados.  Pela primeira vez a nudez de um passou a afetar fortemente o outro e eles ficaram desconcertados com a descoberta. Não sabiam lidar com  aquela estranha energia que brotava da visão e capturava toda e qualquer distração. Em um primeiro momento isso os deixou muito desconfortáveis. 

A nudez, que nada significara até então, passou a ser algo inquietante e novo, algo que não poderiam mais ignorar.  Por isso os dois se apressaram em providenciar uma forma de se cobrir até entender como aquilo funcionava. 

Embora em um primeiro momento a nudez  aparentasse ser apenas uma fonte de desconforto, logo em seguida foi possível perceber  que aquilo se tratava também de uma forma de exercer poder sobre o outro.  Relação de poder era uma coisa que não deveria existir entre os dois. Não era esse o plano, mas agora já era tarde.   Era o fim da inocência, da liberdade e da espontaneidade.   

Eles, que até então eles eram donos dos seus próprios desejos, descobriram que sua serenidade poderia ser alterada por outra pessoa.  O desejo poderia ser "imposto" ao outro e sua satisfação poderia ser sonegada, criando assim um incômodo vínculo de dependência.

Definitivamente o sexo deixou de se tratar só de fonte de satisfação física para ser também fonte de poder e satisfação do ego.  E esse foi "o começo do fim" da liberdade.  A partir daí as formas de manipulação do desejo alheio foi se aperfeiçoando, afetando tudo e enredando os seres humanos.   

A capacidade de despertar desejo no outro e adiar a sua satisfação era e é uma indiscutível fonte de manipulação.  Daí nasceram os primeiros vulcões interiores. 

Essa nova realidade mudou tudo. Eles se tornaram seres incompatíveis com a proposta inicial  daquele lugar de paz  e liberdade. Eles precisavam ir embora.


terça-feira, 29 de novembro de 2022

Certamente morrereis

Algumas coisas nessa vida não devem ser provadas. Alguns caminhos não devem ser experimentados porque  depois disso JAMAIS voltaremos a ser os mesmos. E sim: isso é uma morte. Quando nossa essência, quando nosso ser é alterado, não dá pra voltar atrás. E a saudade do que éramos pode vir a ser dolorosa e eterna.

SALMO 8

Só quem é pai ou mãe é que sabe da força e da coragem que brota de um bebê. Seu sorriso, seu choro, seu balbuciar, tiram qualquer covarde da toca. A voz de um pequenino nos dá toda a força que precisamos para enfrentar a vida.  Isso vem de Deus. É ele quem suscita esse milagre a partir dos pequeninos.  Quantas pessoas resolveram continuar vivendo quando olharam nos olhos de um bebê!  Quantas fracos se tornaram fortes!  Herança do Senhor são os filhos! O fruto do ventre é arma de Deus.  Da boca deles  vem toda a força,  coragem e determinação de que precisamos.  Quando olhamos seus dedinhos, seus olhos e cabelos, quando nos encantamos a partir dessa pequena maravilha,  aí o louvor perfeito sai dos nossos lábios. Então aprendemos a olhar também para todas as demais obras de Deus. Sim  dos pequeninos vem o prefeito louvor e também a motivação dos guerreiros. Nada detém quem tem no coração uma criança pela qual lutar.  Bebês são fontes de corajem e louvor.